quinta-feira, 11 de junho de 2009


Nascido em ambiente rural, com clima de fazenda e sítio, Piet Cornelis Mondrian vinha de uma família calvinista extremamente religiosa. Seu pai, um pastor puritano, desejava que o filho seguisse a carreira clerical. A religião marcou o jovem Piet e o sentimento metafísico iria permear sua obra durante toda a vida, em maior ou menor grau.
Tendo um tio que trabalhava com pintura, interessou-se pela carreira artística, mas foi obrigado a enfrentar a visão ortodoxa da família, que via na
arte um caminho para o pecado. Vê, porém, na possibilidade de dar aulas uma resolução ao seu dilema: prometeu ao pai estudar artes, tornando-se um professor.
Insatisfeito com o magistério, Mondrian sente a necessidade de libertar-se e estabelecer-se como pintor, mas teme enfrentar ao pai (que de antemão desaprovava a idéia) e a si mesmo, tal o peso de sua formação religiosa. Quando entra em contato com a
teosofia, porém, encontra em seu ideário uma resolução para o problema: a doutrina pregava o trilhar de um caminho evolutivo pessoal e a arte encaixava-se neste caminho. O contato com a teosofia irá manifestar-se no trabalho de Mondrian e marcará sua vida profundamente daí em diante.
Piet Mondrian começou a sua carreira como caminhoneiro ao mesmo tempo que ia praticando a sua pintura. A maior parte do seu trabalho deste período é influenciada pelo
naturalista ou impressionista. No Museu Gemeente, em Haia, estão expostos vários trabalhos deste período, incluindo exemplares pós-impressionistas tais como "O Moinho Vermelho" e "Árvores ao andar". (O museu também tem exemplos do seu trabalho geométrico posterior).
Após entrar em contato com a
teosofia, Mondrian passa por um breve período simbolista, mas que lhe será fundamental para que atinja a abstração. Este período costuma-se confundir com a radical abstração que caracterizaria o resto de sua obra, já revelando uma certa tendência à geometrização e à síntese da realidade. Além do pensamento espiritual calcado na busca de uma essência matemática e racional para a existência que caracteriza a teosofia, Mondrian também exibiu um interesse quase obsessivo pelo jazz – pela identificação de sua alegria contagiante com o ritmo irregular que, ele também, possuiria um fundamento matemático.
Em
1913, visitou uma exposição cubista em Amsterdão que o marcou profundamente e teve grande influência no seu trabalho posterior.
A partir de
1917 até a década de 1940 desenvolve sua grande obra neoplástica.
Essa fase de sua obra, a mais popularmente difundida, se caracteriza por pinturas cujas estruturas são definidas por linhas pretas ortogonais (o uso de diagonais induziria a percepção a ver profundidade na tela e motivou o rompimento de sua amizade com Theo Van Doesburg). Essas linhas definem espaços que se relacionam de diferentes modos com os limites da pintura, e que podem ou não serem preenchidos com uma cor primária: amarelo, azul e vermelho, decisão que mostra sua estreita relação com as teorias estéticas da Bauhaus e da Escola de Ulm, e que definem pesos visuais diferentes para esses espaços. O blocos de cor, pintados de modo fosco e distribuidos assimetricamente, reforçam a idéia de um movimento superficial que se estende perpetuamente, indicando que o pintor investia na percepção de sua obra como uma abstração materialista e sem profundidade, criticando a pintura histórica enquanto produzia uma abstração racionalista, espiritualista e sobretudo concreta do mundo. Sua obra, muitas vezes copiada, continua a inspirar a arte, o
design, a moda e a publicidade que a apropriamcomo design, sem necessariamente levar em conta sua fundamental e filosófica recusa à imagem.
O seu quadro "Broadway Boogie Woogie", que pode ser visto no Museu de Arte Moderna de São Francisco, pertence à fase posterior ao Neoplasticismo, quando Mondrian se liberta das regras que ele próprio se impôs.
Publicado por Selma

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